Os anos escorrem das minhas mãos, desintegram-se na poeira da vida. Voltar o olhar para trás nem sempre ajuda a recompor a narrativa da minha biografia. Ora rememoro, ora destruo meu passado. Há lapsos de memória, coisas esquecidas, momentos em que quis esquecer, amores que não mais conheço. Pessoas que caminharam ao meu lado e que agora não mais caminham, ideologias que já não fazem mais sentido... A cada alvorada meus olhos abrem para a finitude do dia e meu corpo, morada da minha carne e alma, se perde entre as incontáveis mentiras ambulantes.
Luccas N. Stangler
Friday, 6 May 2016
Wednesday, 9 December 2015
Wednesday, 25 November 2015
Mais uma partida
Demoro ao me despedir. Quero evitar o sofrimento da partida. Apesar da vã tentativa é chegada a hora. Um abraço, um aceno? Não há consolo que baste. Apenas um imenso vazio que toma conta do corpo. Adeus.
Tuesday, 13 October 2015
Uma longa caminhada
Ali, onde ruídos não existiam, um frio cortante me atravessava. Pedaços que já foram meus despediam-se de mim. Adeus, disse. Juntei os cacos restantes com uma mão enquanto na outra segurava o meu café. Agarrei-me às poucas convicções que ainda me restavam, respirei fundo e caminhei vagarosamente em direção aos vestíbulos do desconhecido - local onde a palavra regresso inexiste.
Sunday, 27 September 2015
Visitas norturnas
De noite, enquanto a lua silencia, fantasmas batem à porta. Gentilmente lhes autorizo adentrarem a minha morada - eu que outrora hostilizei a entrada de qualquer intruso em meu recinto. São muitos. Vem de muito longe para me fazer companhia. Ao meu redor ficam e calados permanecem até que eu decida interagir, o que nem sempre acontece. Deixam-me a sós com minha solidão. Ficam atentos ao menor movimento dos meus lábios como se contemplassem um eclipse pela primeira vez. Nem sempre consigo lhes retribuir gentilezas. Há dias e dias. Quando o sol dá sinais de existência, eles se retiram com a certeza de que a primavera voltará. Esboço sinais de simpatia e jogo-lhes um aceno sem pronunciar uma sílaba. Já somos velhos conhecidos, as palavras não nos bastam.
Monday, 7 September 2015
Notas ao entardecer
De longe, avistara um jovem. Era um rapaz. Na praia, ele olhava para o horizonte, para um lugar onde que ele queria estar, mas que não existia. A doença de todo jovem é estar sempre estar just about to go, sempre à procura do que não há, em companhia daquilo que não existe. O mar há de lhe ensinar umas boas lições: a grandeza da vida...
Pintura: Marc Chagall
Sunday, 9 August 2015
Another brick in the wall
I was another brick in the wall. A tiny little thing, stuck with them in a surreslistic world: having to cope with not moving around and waiting for the Almighty, a chap that might not even exist.
Subscribe to:
Posts (Atom)