Saturday, 10 July 2010

Balança, filho!

Balanço vai, balanço vem. O cachorro ao meu lado. Acendo, de modo furtivo, um cigarro. A fumaça sobe. Enquanto isso, o balanço vai, o balanço vem. Nada tenho a esperar: a esperança não existe. Existir ela já existiu, mas vive – hoje – amargurada.

De frente para o mar, ficava a esperar. Acreditava que algo além-mar pudesse melhorar a situação. Que situação! Era bom de mais para ser verdade. Verdade, algo que não mais existe. Existir ela já existiu, mas vive – hoje – amargurada.

Caminhava sempre. Aos sábados, aos domingos. A feirinha era meu destino favorito. Que prazer eu tive! O prazer agora é inexistente... O prazer já existiu, mas vive – hoje – amargurado.

Ao entardecer ficava emudecido. Havia, naqueles momentos ensolarados, emoção. Emoção não existe mais. Emoção já existiu, mas vive – hoje – amargurada.

O balanço vai, o balanço vem e continua a existir. O cigarro também. Pai, disse o futuro herdeiro do meu fado, por que esta corda no pescoço? Amargurado disse: Balança, filho, balança!

Assim encontrei a liberdade. Livre! Restou ao meu filho descobrir, também, o caminho.

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