Thursday, 2 February 2012

- Inspirado n'O Homem da multidão (Poe).






Algumas décadas para se construir. Alguns anos para se desconstruir. Outros tantos para renunciar e se destituir. Poucos segundos, em último caso, para se auto-destruir. Medem-se as palavras. Descobriu-se o valor de cada sílaba. O lugar de cada parábola, de cada ponto e de cada vírgula. Décadas são necessárias para perceber que o precioso é o que pouco se fala ou que pouco se sabe. Fala-se o necessário depois de experimentar no silêncio. O paradoxo do sentir-se só na multidão. Compartilha-se com poucos. Representa-se para muitos. Se o mundo é, como disse Foucault, um hospício, sejamos pacientes, sejamos seus pacientes, à medida que a felicidade nos será dada em pequenas doses mensais - o carnê da ilusão não se esgotará tão facilmente...

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