Dizem que os brasileiros têm memória curta. Falam como se fosse uma verdade auto-evidente. Pode ser. Não vou discutir métodos de como curá-la. Nenhuma terapia, nenhum tratamento Ludovico. Não vamos discutir isso. Vamos questionar!
Se for verdade, então pergunte ao seu vizinho fanático por futebol a escalação da seleção canarinho da década de 70: Pelé, Gerson, Félix e companhia. Ou então pergunte o ano em que a copa do mundo foi realizada no Brasil. Ou melhor, pergunte a sua vizinha quem matou a Odete Roitman, as circunstâncias, se deixou ou não herança. Será que eles não sabem? Sobre política eu acredito que não. Afinal ela não acrescenta em nada mesmo. Votar está fora de moda, ora, pois. São os artistas que modificam a sociedade. Política serve apenas para juntar a família na época de eleição num grande churrasco e relembrar os velhos tempos. Aceita um coraçãozinho?
Se mentira for, então cite o nome dos últimos deputados em que você votou. Enumere quantos elementos a tabela periódica - resgatando os tempos de escola – possui. Ou então diga à sua mulher a data em que você a conheceu, o local, como ela se vestia. Se mentira for, a roupa suja será sempre lavada em datas comemorativas; como, por exemplo, lembra daquela vez em que você falou que ia pescar peixe e acabou pescando outra coisa? Espetáculos familiares ou algo do tipo bem no dia de natal.
Curta? Longa? Seletiva! Memória seletiva. Máximas do tipo “brasileiro tem memória curta” é bem coisa de brasileiro. Justificativa tipicamente abrasileirada. É equivalente falar: Alemão tem sangue frio. Então é lugar comum na Alemanha não praticar filantropia? ONG’s não existem? Tudo bem que o nazismo não foi lá uma obra de caridade, mas também não vamos etiquetá-los. E para os que duvidam, Hitler nem alemão era. Não se preocupe, porém, com isso. O mais importante é que na retrospectiva do decorrente ano (2090), veremos o espetáculo midiático: Nenhuma cura de doença, nenhuma mudança na legislação brasileira. Grande parte da digressão vai mostrar um enterro de algum artista, tipo o Michael Jackson, com direito à venda de ingressos e tudo mais. C'est la vie, mon amour, c'est la vie.
Luccas Neves Stangler.
Oi, Lucas. É sempre bom descobrir que um ex-aluno se destaca também por escrito. É raro os que conseguem fazer isso, pelo menos dizendo coisa com coisa.
ReplyDeleteVocê tem muita razão quanto a esses atalhos mentais, essas baboseiras de ditados clichês que estão sempre servindo à perpetuação da burrice. Um velho argentino (José Ingenieros) falava que o homem medíocre substitui seu pensamento por máximas de alamanaque, pois isso dá ao estúpido a impressão de pensar.
Você está ousando pensar por si mesmo. E isso é essencial.
Parabéns
Um grande abraço, Sandro Sell