Thursday, 2 December 2010

Poucas memórias de um navegante terrestre.

Acabo de sentar. Na varanda, ao lado de minha estante e meu charuto, fica minha cadeira predileta. E é nela onde acabo de me sentar.

Os dias, a chuva, a tempestade. Para mim, não há nada novo. É quase que um ciclo: as novidades, agora, são peças de museu. A tentativa do novo já é uma velha conhecida - talvez tenha minha idade, não sei bem.

Enquanto falo, caros leitores, minha memória, por vezes, faz-me esquecer de me apresentar e ser apresentado. Ainda não disse meu nome, tampouco minha idade - e para que me serve todo esse cerimonial?

Já me imaginei médico, advogado e - vejam só! - até filósofo. Daquilo que me permitiram ser, tornei-me um pouco disso tudo: um pouco machista, um pouco patético... Tornei-me agricultor.

A idade avançada já me fez definhar, já me fez questionar e nada saber. Hoje, apenas hoje, navego. Navegar é preciso - algum(a) Pessoa escreveu isso. Em meu pensar, durante algumas infinitas horas, navego. A fuga é necessária, o discurso é em vão... Dele, do discurso, arranco apenas títulos; de estupidez, decerto. Vã sabedoria de um navegante que, assim como eu, navega no plano terrestre.





Tranqui,
escrito em algum lugar e em alguma data do ano de 2010.

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