Tuesday, 18 January 2011
Mudanças inertes.
Em instantes muita coisa mudaria. Ou não. Ele escreveu. Houve, no meu coração, um leve descompasso. Admito, não fora tão leve assim. Retomo: houve, no meu coração, um forte descompasso. Não soube o que dizer, apenas estava no aguardo.
Folheava, enquanto isso, Ryûnosuke Akutagawa. E para ser mais exato, lia o conto ''A vida de um idiota.'' Acompanhando as linhas, deparei-me com certo trecho que me fez estar levemente comovido. É difícil aceitar, mas, agora me corrijo, o trecho deixou-me verdadeiramente comovido: ''A vida humana não vale nem mesmo um verso de Baudelaire''.
Depois de confundir-se com Ícaro e portar a artificialidade dos anos - esse ilustre escritor da terra do sol nascente assumiu ter adquirido asas artificiais -, ingeriu Veronal 0,8. Encontrou-se, deduzi, com Caronte.
Mesmo sendo oriental - agora quase nada mais importaria - exigiu falar com Ele. Responderam, em questão de segundos, que Kafka, assim com Buñel e Camus estavam, também, à espera.
Acordei de sonhos intranquilos. Aos poucos me acalmei. Havia muita gente que há algum tempo exigia, igualmente, respostas. Depois desse incidente, talvez por imprudência, acaso ou destino continuei a viver. A espera é grande.
Obra: Musas inquietantes
Autor: Giorgio de Chirico.
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