Writing is a way of avoiding any kind of therapy, it is as if a psychiatrist had given us a doctor´s note stating that our mind is the cause of all our sickness, the root of all our problems.
Monday, 18 November 2013
Tuesday, 12 November 2013
Change
These lines written express some sort of unusual feeling - do you know what I mean? Nothingness is an understatement: there is something else that cannot be said. Something is being kept and not a single person knows how much longer it will be there for. No more, it is time to change - how many times will I continue saying that while burning my bridges and closing doors? Speechless. Less words mean more. What if I say I love you? I remember - what a scary verb! - when I first pulled the trigger and here, alive, I am. God knows why... Amen.
Wednesday, 6 November 2013
A felicidade pode ser encontrada através de alguma coisa?*
Nós buscamos felicidade através de coisas, relações, pensamentos,
ideias. Então as coisas, a relação e as ideias se tornam mais
importantes que a felicidade. Quando você busca felicidade através de
uma coisa, então a coisa se torna de maior valor que a própria
felicidade. Quando apresentado desta maneira, o problema parece simples e
é simples. Buscamos felicidade na propriedade, na família, no nome;
então propriedade, família, ideia se tornam o mais importante, porque
assim a felicidade é buscada através de um meio, e o meio destrói o fim.
Pode a felicidade ser encontrada através de algum meio, através de
alguma coisa feita pela mão ou pela mente? Coisas, relação e ideias são
muito visivelmente inconstantes; ficamos sempre infelizes por elas. As
coisas são inconstantes, elas se gastam e se perdem; relação é constante
atrito e a morte aguarda; ideias e crenças não têm estabilidade nem
permanência. Buscamos felicidade nelas e, contudo, não percebemos sua
inconstância. Assim, o sofrimento se torna nossa companhia constante e,
superá-lo, nosso problema. Para descobrir o verdadeiro significado de
felicidade, devemos explorar o rio do autoconhecimento. O
autoconhecimento não é um fim em si mesmo. Existe uma fonte para uma
correnteza? Cada gota de água do início ao fim faz o rio. Imaginar que
vamos encontrar felicidade na fonte é estar enganado. Ela é para ser
encontrada no ponto em que você está no rio do autoconhecimento. -
J. Krishnamurti, The Book of Life.
* Texto enviado pelo amigo Hallan F.
Friday, 25 October 2013
Monday, 21 October 2013
O mundo é um moinho ou o moinho e o mundo
Não sou pessimista, eu amo este mundo horrível. (Emil M. Cioran)
Que fazes,
de onde vens?
Sois um,
há milhões.
Novos desafios,
velhas esperanças.
Experiências diversas.
Que importa,
quem se importa?
Perguntas inocentes,
pois,
afinal,
por que se importar?
Nascemos,
vivemos - ou melhor, vivemos... sendo distraídos -,
perecemos
até chegar ao fim da linha.
Existiria algo que podemos chamar de meu ou de minha?
Ficamos à mercê,
vítimas de um lugar
onde todos são
culpados.
E não há espaço
para coitados.
Thursday, 3 October 2013
Uma noite incomum
“As cadeias da humanidade torturada são feitas de papel de escritório”
(Franz Kafka.)
São 20h30min, o espetáculo vai começar. Pede-se silêncio. É preciso desligar os celulares. Olhares atentos aguardam ansiosamente o início de uma noite planejada metodicamente para ser divertida.
- Desrespeitável público, sejam bem vindos ao nosso circo! Nesse espetáculo, diferente daqueles que vocês provavelmente estão acostumados, vocês é que serão os palhaços. Aliás, se ainda não perceberam é assim que nós levamos a nossa vida - a única diferença é que no circo nossos artistas usam maquiagem para, pelo menos, mascarar a vergonha que os cerca.
- Os animais que estão enjaulados
aqui também pretendem desafiar vocês com as seguintes perguntas: estariam eles
ou nós presos? O domador de leão também não seria domado pelo grande felino?
Adestrados, seguimos. Mais sofisticados, menos letrados: escondidos por detrás
de nossa rotina, mais uma droga que termina com ina. Com algum pão e circo,
afinal é preciso alimentar corpo e a alma, seguimos.
Com algum desconforto, um senhor olha para o lado. Parece não ter digerido bem a inesperada mensagem. Meio esbaforido, sai da sua confortável cadeira e vai em direção à saída junto com sua esposa. Sem prestar muita atenção, chega em casa quase que, digamos assim, em piloto automático – por repetir o mesmo trajeto há mais de algumas décadas, saberia voltar de olhos fechados para seu lar doce lar. Amanhã, pela manhã, voltará a ser o respeitável ser que sempre foi. Antes de dormir, meditou sobre o ocorrido daquela noite:
- Quanta
palhaçada!
Monday, 30 September 2013
Tuesday, 3 September 2013
Não existe amor em SP
Algumas palavras
registram aquilo que pode ser sentido a qualquer momento, mas que tão
facilmente se esquece. Envelheces. É necessário somente um breve olhar para ver
rostos que se repetem, sofrimentos que retornam. Difícil é aceitar que estás
entre eles – a palavra autocrítica tenta ser riscada dos dicionários pessoais.
As ruas gritam: mais amor, por favor. É o medo de se entregar que nos impede
escutar esse clamor. Hipócrita!
(24.08.13)
Friday, 30 August 2013
Monday, 12 August 2013
Monday, 5 August 2013
[empty]
Walking through a promenade in a nameless city. In
the background, some music made the atmosphere a bit more bearable. It was neither a dream nor an ideal world. It seemed quite real. Different languages
were spoken simultaneously. Each citizen, apparently, had their own ‘’tradition’’,
something they could be proud of.
Out of the blue, a Brazilian restaurant could be seen.
This is a common territory, thought the noble gentleman. What he didn’t know
was: it is a big illusion to believe people from the same country would be
more understanding. Speaking the same language doesn’t say much.
Olá!, said the gentleman. Wait a second, dear reader. The storyteller needed to pause in order to get a drink…
As the narrator was saying, the gentleman popped into the
Brazilian restaurant with some hopes. Could the staff really understand the
main character? Could he understand himself…?
Questions bring about conflict, but sometimes it is
necessary to bear in mind things aren’t always as they seem to be. Knowing we
are becoming - as the years go by - strangers with ourselves, that our
auto-biography has become something quite standard as experiences have turned
into a meaningless subject, what does it mean to be a genius?
Friendship is something rare. Nowadays, friends are
something like saints: either they don’t exist or they are holy. I would rather
stick to the latter statement.
What happened in the
Brazilian restaurant?, you might be wondering. The guy pretended to be another
foreigner, asked for a feijoada and kept his hopes to himself and
went silent. At the end of the day, who cares if the sun shines or if
it doesn’t?
Monday, 15 July 2013
Conflitos
O tempo, eis aquilo que instiga a mente a ter conflitos. O passado, com suas boas e más memórias, prejudica - assim como o pensar incessantemente sobre o futuro longínquo - o viver no presente. O que restaria? Habitar o agora, nem aceitando-o nem se rebelando contra ele. O perceber exige atenção. Pare, respire. Mude a pergunta, mas também não se deixe assombrar pela resposta que poderá aparecer: E se tudo fosse um grande Nada, o que restaria? Liberdade?
Sunday, 30 June 2013
Alguns pingos no i´s
Às cegas, mergulho num imenso vazio. Sinto-me bem ao constatar que sou (um) estranho às questões que não quero participar. Calafrios, medos e esse tipo de sentimento que nos dá mais ânimo para seguir, mesmo que tudo isso seja um emaranhado de acontecimentos - aparentemente? - desconectados, é o que tem me guiado. Libertar-se...
Monday, 20 May 2013
Sem título
À amada!
Entre essas indelicadezas, há um mar de felicidade. Há uma porta que ruma para o eterno, de braços dados - assim se percebe - com amor. Amo-te e sou fragmentado assim mesmo: apresento-me em pedaços para me libertar, quando ao teu lado, e me tornar o todo... seu. Como Julieta, a rainha de Romeu. Perco-me, escrevo e pouco falo. Desconfio que me expresso melhor quando te beijo. Com isso, dispensa-se o uso de qualquer dicionário. Eu, que um dia (tolamente) pensei ser intraduzível, me traduzo no instante em que me aproximo de você. Aqui, a filosofia se despede, despe-se e mergulha dentro de ti. Não há mais questões, assim como inexiste – na mesma medida - as certezas. Somente nós.
Friday, 26 April 2013
Fragmentos de uma autobiografia
Qual
é a sua profissão?, perguntou-me um rapaz ao meu lado. Pensei em começar com um
clássico ‘’então...’’ Hesitei, no entanto. O que falar? Esse pensamento me
assombrou como nunca. Estava sentado em um ônibus que ia em direção à
Liberdade, bairro japonês de São Paulo. A lotação máxima era de 70 pessoas
sentadas – eu, felizmente, era um deles – e 40 em pé. Não seria irônico demais
em falar felizmente se eu me
encontrava em um ônibus com 120 pessoas, portanto lotadíssimo, e que tinha como
destino a Liberdade? Liberdade? Na minha juventude, imaginava a liberdade de
outra forma, mas, como sabem, as coisas mudam com o passar dor anos...
O rapaz
que havia me feito a pergunta certamente já havia perdido o interesse em mim.
‘’Pela demora em responder, deve ser mais um das humanas, quem sabe filósofo.’’
É o que ele provavelmente pensou. Nestas horas é que gostaria de ser um
narrador daqueles que tudo sabe. O que será que o rapaz realmente pensou?,
meditei. Talvez ele tenha razão e eu seja, em certa medida, um filósofo. Se o
fosse, contudo, era somente aos finais de semana, quando mais conseguia descansar. Mas
afinal, por que o rapaz se interessaria por mim? Estaria ele fingindo? Faria
isso parte do jogo social? Eu jogo, tu jogas. E se acreditarmos que haja um
vencedor, quem ganharia nesse jogo?
Acreditar, eis um verbo que já não mais
ouso evocar. Se eu realmente for um filósofo, não sou daqueles que crêem em
sistemas filosóficos. Não seria muita
pretensão querer dar conta de responder as perguntas sobre tudo? Se tiver
que jogar e o rapaz me perguntar - temos, pelo menos secretamente, tantos
anseios... – se acredito em algo, direi, sem titubear, que acredito no Nada, a
supremacia da nossa barbárie civilizada. Mas, para minha surpresa, o rapaz não
me pergunta. Continua esperando uma simples resposta que me fez há poucos
segundos. Para mim, eternos segundos. Eu não estaria titubeando demasiadamente
e, por isso, não pude até agora respondê-lo? Simples perguntas... E se eu lhe
dissesse que estou velho, há muito aposentado, e que agora estava à caminho do meu
médico para fazer um exame de rotina (leia-se: próstata).
Se um dia fosse
escrever a minha autobiografia, diria que minhas idas ao médico foram
ocasionadas pelo o inflacionado tomate. Mas quem leria a minha autobiografia?
Houve um tempo em que se falava em pobreza de espírito, mas agora, não raro,
fala-se de pobreza de experiência. Quem irá convencer aqueles que têm
dificuldades em cortar o umbigo umbilical – hoje, em sua maioria, essas pessoas
geralmente coincidem com os acadêmicos – de que há muita vida além daquela
realidade simbolizada pelos míopes do intelecto?
Convenci-me, no entanto, que a
memória é, como disse Wally Salomão, uma ilha de edição... Assim, escrever a
sua própria autobiografia seria algo tão utópico – sem falar na pobreza de
espírito e de pobreza – e, de certa forma, tão violento. Escrever sobre si é um ato de
violência, como aprendi. Tentar escrever sobre a sua própria vida é violentar
essa Ilha que W. Salomão poeticamente nos mostra. Ainda, será preciso se perguntar: depois de todo esse
trabalho, quem a leria? Se há um livro que pede para ser escrito dentro de cada
ser, quantos outros são abortados no meio do caminho? Quantos fragmentos, quantos aforismas?
Depois
de tanta relutância – simples perguntas... – finalmente respondi
ao rapaz: sou funcionário público aposentado. Fez-se uma pausa.
Silêncio. Olhei para o
lado de fora da janela. Milhares de pessoas. Livros abortados... Quando
virei,
o rapaz já não mais estava ao meu lado. Partiu sem um adeus. Levantei e
perguntei ao cobrador se a Liberdade estava próxima, afinal notara que
estava no final da Av. Paulista, portanto no Paraíso, próximo da
Catedral Ortodoxa. Eu estava
certo e desta vez a minha memória não havia me enganado: mais alguns
pontos de ônibus e lá estava, depois do Paraíso, a Liberdade.
(23.04.13)
Saturday, 23 March 2013
partículas do ser
Felicidade, um desejo inconsciente, pode existir. É parte do amor, fragmentos do ser, e das vivências referentes ao ter: experiências de sobra, apesar da idade. Eu te amo. Falo pouco, eu sei, mas eu te amo.
Sunday, 3 March 2013
The silence´s color
How...? Keep an eye on the facts, someone is coming. How come? Things can´t always be understood in a simple way. Concepts are just random names which make us unaware of life itself. What is, then, a self? Selfishness leads us to nothingness: a future has to be planned properly otherwise, the sages say, you will amount in nothing. Is the present a gap between the past and the future? Have you ever experienced this feeling of an eternal speechless? The audience is sat, but there aren´t enough words to comfort them. It is necessary to take a deep breath, be strong and say out loud: You are, in part, free to do what you want so don´t wait for the messiah, you´ve wasted your time, I have nothing to say, only silence...
Friday, 1 March 2013
Circe
What seem to you like minutes in my world are endless days
Ride my waves of pleasure
Forever and ever ... and ever ... and ever
Your human hands like magic to my coral strands
As our bodies melt into the sands of the ocean floor
I'm deep in your love into your love into your love
But wait,
My seduction, has now become a dangerous attraction
I can't breathe
I I can't breathe
I'm drowning in your love drowning drowning
Drowning in your love drowning drowning
I'm drowning in your love
Save me
I can't breathe
I I can't breathe
I got to save myself
I'm losing myself in your love
I'm pleading with the gods to save me
I've pleasured all of you so many times
One of you please save me!
I am drowning
Who? ... who?
Who are you?
And and why are you saving me?
(....)''
Songwriter: Ursula Rucker
Sunday, 24 February 2013
Do caráter experimental
Pensar sobre o tempo requer tempo. Experimentes, desse modo ou de outro, pensar quando necessário for. Dor? Magnitudes características e decorrentes da paixão. Se não tentardes, como saberás? É preciso deixar claro que a escrita que se tece é livre, em partes, de algumas influências obscuras. Experimentes. Divino é ter alcaloides à vontade! Será necessário desconfiar das veracidades. E assim serão, pouco-a-pouco, construídas as incertezas do ser: na liquidez dos fatos. Ter dificuldades de expressar o amor também é pecado?
Quadro: Vladimir Kush
Thursday, 14 February 2013
Words don´t speak louder than actions
Life
loses
its
own
meaning
without
Love.
What
is
this
feeling
- a life without love -
but
nothingness?
All
the rest
doesn´t
exist
or
it
isn´t
really
real
as
it
is
only
some
memory
from
an
uncertain
future.
Music: The time we lost our way - Thievery Corporation.
loses
its
own
meaning
without
Love.
What
is
this
feeling
- a life without love -
but
nothingness?
All
the rest
doesn´t
exist
or
it
isn´t
really
real
as
it
is
only
some
memory
from
an
uncertain
future.
Music: The time we lost our way - Thievery Corporation.
Thursday, 31 January 2013
Manifesto saudosista
Dedicado à P.
Equivocam-se aqueles que em nome da língua portuguesa defendem a
originalidade sentimental e estética da palavra saudade. Lembremos da Torre de
Babel e dos processos linguísticos envolvidos em tal façanha: tinha-se o
objetivo de construir uma torre que chegasse até o céu. Os arquitetos e
construtores de tal monumento, pelo o que se conhece, falavam a mesma língua.
Tudo transcorria bem até que o bom deus roga-lhes uma espécie de praga, sendo
que, segundo o livro sagrado, as pessoas envolvidas nessa empreitada
arquitetônica são castigadas a se comunicarem através de línguas diversas; o
que parece, em teoria, impossível. Essa diversidade linguística, ainda na
escrita divina, lhes trouxe caos e devido à incomunicabilidade a Torre, dessa
maneira, não pôde ser concluída. Essa é a versão que nos foi apresentada, mas
eis que milagrosamente apareceu uma outra que é apócrifa, diz-se que foi escrita
pelo professor Woland, onde os fatos podem ser mais apurados pela solidez do
conteúdo e a similaridade com os nossos dias.
Segundo o professor, uma testemunha ocular do evento, a não
concretização da empreitada daqueles que originalmente falavam a mesma língua,
não se deveu aos problemas e complexidades idiomáticas. Os movimentos
migratórios que quase sempre existiram e ainda continuam a existir na Europa
não são impedidos tão somente pelo fator língua - apesar de Vilém Flusser
construir toda a sua filosofia sob o pretexto que a língua criaria a realidade
-, tanto é que hoje em dia não é difícil encontrar húngaros, poloneses e
brasileiros que mal sabem falar os números em inglês, mas que, entretanto,
moram e até trabalham na Terra da Rainha, apesar dos pesares. Com isso, o
respeitável Woland chama a atenção para um fato humano, demasiadamente humano:
A intenção de se construir a Torre de Babel foi, por si só, um atentado às
entidades divinas, uma vez que o comportamento desses humanos foi como se
quisessem se tornar deuses ou semi-deuses. Imaginando ser possível fazer o
uso do anacronismo, seria dito que a Torre foi uma obra faraônica. Assim, a não
concretização da Torre não foi devido à incomunicabilidade entre as pessoas
relacionadas à essa empreitada esquizofrênica, mas sim ao jogo de interesses.
No início da construção, não havia separatismo ou sequer grupos que
trabalhavam de modo isolado. A coletividade estava envolvida em prol de um objetivo:
chegar até o céu. Quando este ocorrido chegou ao setor de notícias do divino –
não podemos esquecer que os órgãos, inclusive aqueles pertencentes à burocracia
divina, têm se setorizado cada vez mais -, dizem as más línguas que o todo
poderoso enfureceu-se de tal maneira que acreditou ser preciso lhes rogar, como
já descrito, uma praga, mesmo não sendo primavera. Para tanto, fez com que
a até então única língua se confundisse, misturasse e que no lugar teriam
diversas línguas. Que desnecessário!, pensou o professor Woland na ocasião. Mesmo
com toda a diversidade linguística, a construção continuou e isso é o que não
está escrito, afinal não se quer contrariar a vontade dos escritores bíblicos.
A inocência nos forçaria a questionar como isso foi possível. Woland, antecipando
a nossa curiosidade, respondeu que o projeto estava desenhado e as funções já
estavam previamente designadas, antes mesmo da intervenção d’Ele. O grande
problema, volta-se a dizer, foi o caráter humano, demasiadamente humano: pelos
jogos de interesse, começaram a se firmar pequenos grupos. Houve separação. O
projeto coletivo começou a se tornar mais individual. Fingiu-se não entender
aquilo que já estava designado - é comum os humanos se esconderem por detrás de
desculpas que possam justificar seus fracassos.
A partir de então, a Torre ficou apenas na lembrança, um sonho que não
conseguiu ser concretizado. Assim, o leitor que conseguiu chegar até essa parte
do texto é convidado a ser perguntar: o que a Torre de Babel teria a ver com a
palavra saudade? Diferentemente de uma fábula, onde os olhares são voltados
para a sugestão do autor, seja um autor defunto ou um defunto autor, aqui não
será sugerido muita coisa. Também não haverá uma moral da história. Mas não te
desanimes. Aqui, será exposto uma manifestação de repúdio aos detentores das
palavras, aqueles que acreditam poder cristalizar a vivacidade do universo
literário, algo tipicamente acadêmico. Leia-se: imoral. Não se pode aprisionar
as letras que transitam e que embelezam
a transitoriedade do Ser. Então é preciso pensar em voz alta: Por que defender
a exclusividade do dizer ‘’saudade’’? Não sentiria saudade um inglês, aquele
que não detém essa palavra no seu vocabulário? As vaidades...
Monday, 28 January 2013
Sobre a cegueira por opção
Apesar das circunstâncias – paira no ar um misterioso caráter
jovial e destrutivo... –, há uma beleza que não se afeta. Olhos que transbordam esperança e que alimentam
os ânimos. Não te desesperes!, um anjo sussurrou, é na adversidade que se confirma
a insignificância d’o coro. A mudança foi anunciada, não são necessários rugidos ou trombetas: o pior cego, como diz o
adágio, é aquele que não quer ver.
Tuesday, 22 January 2013
On parables
"Many complain that the words of the wise are always merely parables and of no use in daily life, which is the only life we have. When the sage says: "Go over," he does not mean that we should cross over to some actual place, which we could do anyhow if the labor were worth it; he means some fabulous yonder, something unknown to us, something too that he cannot designate more precisely, and therefore cannot help us here in the very least. All these parables really set out to say merely that the incomprehensible is incomprehensible, and we know that already. But the cares we have to struggle with every day: that is a different matter.
Concerning this a man once said: Why such reluctance? If you only followed the parables you yourselves would become parables and with that rid yourself of all your daily cares.
Another said: I bet that is also a parable.
The first said: You have won.
The second said: But unfortunately only in parable.
The first said: No, in reality: in parable you have lost."
Author: Franz Kafka
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