Tuesday 21 July 2009

Amigo é coisa para se guardar...





O acesso à cultura deveria ser maior, mas não é. Falando nela e aproveitando a deixa do dia do amigo, é bom lembrar que o melhor amigo que podemos ter é o livro. Ele pode até não te escutar, mas também não reclama. Pode até não dar conselhos, mas dá respostas, esclarece idéias.

É mais que uma viagem, ele é a panacéia que todos procuram. Pequeno, grande, médio. Azul, amarelo, preto. Novo, velho, surrado. Em várias línguas, poucas. Ideologias, crenças, credos. Sebos, medos, risos. Romances, tragédias, comédias. O divisor de águas! De um simples gibi do Zé carioca à Freud. De Cervantes à Mailer. A cultura mundial em algumas páginas.

Num momento você vê a visão de Nietzsche, noutr’oura Wittgenstein. Pessoas que mudaram toda uma forma de pensar. Bem ali, no livro. Assim como Kant, você não precisa viajar o mundo para ter idéias mirabolantes. A leitura basta! A inseparável leitura. Ela nos proporciona apenas um mal: a angústia. Angústia de não ter lido tantos clássicos. Quanto tempo perdido. Coisas da vida.

Alguns autores agressivos, outros visionários. Alguns com o complexo de Cassandra, outros com complexo de perseguição, outros só complexo mesmo. Rebuscados, incompreensíveis, instigantes. Amados, odiados, amenos, romenos, portugueses. Rimas, versos, frases. Um brinde ao inseparável amigo: o livro!

Há quem diga que existem três etapas na vida de um homem antes de virar cinzas; que é plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. Plantar a árvore, dar a vida a um vegetal. Ter um filho, dar a vida a um humano. Escrever um livro, dar a vida a uma idéia. Na frase não explica se o livro é ou não de auto-ajuda, mas esse não tem espaço nem no espaço, muito menos aqui nesse planeta.

O estudante de Direito é que deveria gostar de ler um bom livro. Eu disse deveria, pois essa não é a regra, e sim a exceção. Ele entra com toda aquela vontade de mudar o mundo. E como ela acha que faria isso? Nas tão-faladas lacunas. Pensando alto, como diz Dr. Paulo de Barros Carvalho, e utilizando-se da lógica cartesiana: Se o acadêmico não lê a Constituição federal, como encontrará, ele, as lacunas? De quando em quando me pergunto, de quando em vez me questiono sobre isso. Nihil.

Wednesday 8 July 2009

Retrospectiva 2090

Dizem que os brasileiros têm memória curta. Falam como se fosse uma verdade auto-evidente. Pode ser. Não vou discutir métodos de como curá-la. Nenhuma terapia, nenhum tratamento Ludovico. Não vamos discutir isso. Vamos questionar!
Se for verdade, então pergunte ao seu vizinho fanático por futebol a escalação da seleção canarinho da década de 70: Pelé, Gerson, Félix e companhia. Ou então pergunte o ano em que a copa do mundo foi realizada no Brasil. Ou melhor, pergunte a sua vizinha quem matou a Odete Roitman, as circunstâncias, se deixou ou não herança. Será que eles não sabem? Sobre política eu acredito que não. Afinal ela não acrescenta em nada mesmo. Votar está fora de moda, ora, pois. São os artistas que modificam a sociedade. Política serve apenas para juntar a família na época de eleição num grande churrasco e relembrar os velhos tempos. Aceita um coraçãozinho?
Se mentira for, então cite o nome dos últimos deputados em que você votou. Enumere quantos elementos a tabela periódica - resgatando os tempos de escola – possui. Ou então diga à sua mulher a data em que você a conheceu, o local, como ela se vestia. Se mentira for, a roupa suja será sempre lavada em datas comemorativas; como, por exemplo, lembra daquela vez em que você falou que ia pescar peixe e acabou pescando outra coisa? Espetáculos familiares ou algo do tipo bem no dia de natal.
Curta? Longa? Seletiva! Memória seletiva. Máximas do tipo “brasileiro tem memória curta” é bem coisa de brasileiro. Justificativa tipicamente abrasileirada. É equivalente falar: Alemão tem sangue frio. Então é lugar comum na Alemanha não praticar filantropia? ONG’s não existem? Tudo bem que o nazismo não foi lá uma obra de caridade, mas também não vamos etiquetá-los. E para os que duvidam, Hitler nem alemão era. Não se preocupe, porém, com isso. O mais importante é que na retrospectiva do decorrente ano (2090), veremos o espetáculo midiático: Nenhuma cura de doença, nenhuma mudança na legislação brasileira. Grande parte da digressão vai mostrar um enterro de algum artista, tipo o Michael Jackson, com direito à venda de ingressos e tudo mais. C'est la vie, mon amour, c'est la vie.

Luccas Neves Stangler.