Tuesday 29 June 2010

EU, ditadura


Eu te ensino a não pensar
Eu te ensino a copiar
Eu te ensino a não viver.

Eu te ensino a não ensinar
Eu te ensino a aceitar
Eu te ensino a não escrever.

Eu te ensino a Freire, o Paulo, amar
Eu te ensino a não filosofar
Eu te ensino a não ser você!

Assim é que eu te ensino,
Assim me apresento,
Eu me chamo Educação,
Prazer em conhecê-lo.










Charge de Millôr Fernandes.

Tuesday 8 June 2010

Café com Davis




Parte 1-
Aconteceu.
Os motivos não importam;
Nem causa, nem consequência.
Não procuro saber.

Surgiu.
Dentro de mim surgiu
Uma vontade de exalar o além

Tive.
Tive, por instantes, tua companhia,
Teu perfume, tua casualidade

Provei.
Provei de seu café, de sua doçura
Até não não poder mais...

Tirei.
Dessa experiência tirei o melhor.
Ou seja: tudo!


Parte 2-

O blues e miles, o gato negro, os dois cães
Entre a ponte, Fellini e João estávamos
Não esqueçamos do poeta da vila - e que vila!

Em português, francês
Uma linguagem, entre nós, foi criada.
Sem mazelas, sem donzelas
Cem motivos tínhamos.
E tivemos...

Monday 7 June 2010

Adorável angustiante café



À R., pelo adorável café.




Exigências são feitas. Elaboradas por não-sei-quem, exigidas por não-sei-o-porquê. O fado me é dado - mesmo que não saiba. Destino? Karma? Condenado a cem anos de solidão, à procura de um sentido que me deixa sem-sentido.

Ano após ano são feitas as mesmas afirmações, as mesmas perguntas: "O futuro está ao alcance de suas (pobres!) mãos". A crença em algo maior é reconfortante, ao passo que "o céu para os que Nele crêem - será seu futuro, sua morada." Discursos pré-fabricados perpassados aos montes. Ultrapassados - isso sim! -, eles são. "Então, meu caro, de onde você é? Onde você está? Para onde você vai?" A vida, nas palavras do grande público, é exigente.

Vespas! Malditas vespas! O ato de julgar, as exigências - Aristófanes anos antes já sabia - são feitas por vocês, Ó seres tolos! A vida não é [como se tem falado] exigente. São vocês, Ó insetos, que a tornam desse modo. Se predestinação existisse, retomo a minha fala de outrora, estaria em casa ouvindo Cazuza à espera do destino. A bur(r)ocracia, a aristocracia bem podiam - e aqui elas podem! - ser resumidas em uma e, apenas uma, palavra: idiocracia.

Como se torna penoso acreditar que estamos fadados ao caos humano. Aprisionados a justificativas que devo dar em face do social, do outro, do fulano. Por que devo me justificar? Deveria, eu, me justificar? Não faz sentido. Não deveria fazer sentido... Ter filhos? Casar-se? Onde estarão escritos esses mandamentos sociais? Os conselhos não me servem! De nada eles serviram! De nada me servirão! A vivência, o ser, o ter. Eis o fascínio! E fim.