Sunday 27 September 2015

Visitas norturnas

De noite, enquanto a lua silencia, fantasmas batem à porta. Gentilmente lhes autorizo adentrarem a minha morada - eu que outrora hostilizei a entrada de qualquer intruso em meu recinto. São muitos. Vem de muito longe para me fazer companhia. Ao meu redor ficam e calados permanecem até que eu decida interagir, o que nem sempre acontece. Deixam-me a sós com minha solidão. Ficam atentos ao menor movimento dos meus lábios como se contemplassem um eclipse pela primeira vez. Nem sempre consigo lhes retribuir gentilezas. Há dias e dias. Quando o sol dá sinais de existência, eles se retiram com a certeza de que a primavera voltará. Esboço sinais de simpatia e jogo-lhes um aceno sem pronunciar uma sílaba. Já somos velhos conhecidos, as palavras não nos bastam. 

Monday 7 September 2015

Notas ao entardecer



De longe, avistara um jovem. Era um rapaz. Na praia, ele olhava para o horizonte, para um lugar onde que ele queria estar, mas que não existia. A doença de todo jovem é estar sempre estar just about to go, sempre à procura do que não há, em companhia daquilo que não existe. O mar há de lhe ensinar umas boas lições: a grandeza da vida...




Pintura: Marc Chagall