Sunday 27 September 2015

Visitas norturnas

De noite, enquanto a lua silencia, fantasmas batem à porta. Gentilmente lhes autorizo adentrarem a minha morada - eu que outrora hostilizei a entrada de qualquer intruso em meu recinto. São muitos. Vem de muito longe para me fazer companhia. Ao meu redor ficam e calados permanecem até que eu decida interagir, o que nem sempre acontece. Deixam-me a sós com minha solidão. Ficam atentos ao menor movimento dos meus lábios como se contemplassem um eclipse pela primeira vez. Nem sempre consigo lhes retribuir gentilezas. Há dias e dias. Quando o sol dá sinais de existência, eles se retiram com a certeza de que a primavera voltará. Esboço sinais de simpatia e jogo-lhes um aceno sem pronunciar uma sílaba. Já somos velhos conhecidos, as palavras não nos bastam. 

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