Thursday 26 May 2011

Alegorias de uma experiência.


Bom dia, Sentido - da vida.
Bom dia sem...
Sem ter tido.

Dormiu sem ser um dia,
nem sabe o que virá amanhã,
pouco ou quase nada divertido.

Às vezes ele - o sentido - o acorda,
às vezes dirigi-se a ele
dizendo: Bom dia.

Às vezes volta-se e, apenas,
o diz que hoje será um dia.
Nem tão bom assim,
mas que será um novo dia.

O Absurdo também o acompanha.
Agora ele vai,
quem sabe não volta;
quem sabe?

Quem sabe algo aprende,
quem sabe ele renasce.

O tempo, esse maldito, dirá!






Quadro: Still Life: An Allegory of the Vanities of Human Life;
Autor: Harmen Steenwyck.

Sunday 22 May 2011

Algumas guiness e alguma melancolia...

A liberdade, do contrário daquele ideal que há tempos imaginei, tem seu preço. Seus juros são altos e a correção é cobrada dia-dia. Não nos é mais permitido, tal qual uma alegoria kafkiana, transpor certas barreiras - a infinitude é construída em solo arenoso e as realidades desmoronam-se rapidamente. E, desse modo, olhos não são mais olhos, dentes não são mais dentes:

- Londres, à moda draconiana, proibiu a entrada de deus.




Sunday 15 May 2011

Babel without translation.




Um pequeno orifício inglês
prostrara-se diante de mim.
E não era mais um sonho.

O que teria por detrás de tudo aquilo?
Qual linguagem falaria?
Falar?

Seria, nesse caso,
um absurdo falar.

A linguística provavelmente
não resolveria a situação
ou, com uma lógica diversa,
resolveria, mas d`outro modo:
no sentido mais gestual possível.

A demora foi de tal modo
que o instante não
se traduziu.

Parti sem entendê-la.
J. Miró tampouco entendi - e tudo se passou no Tate.

Wednesday 11 May 2011

Algumas anotações sobre o (re)nascimento ou um café com Hermann Hesse.

Depois de certa atribulação, projeções, angústias e alguns momentos incertos, hoje, em Demian, leio uma palavra que há tanto procurava, mas que nas profundezas da mente já esquecida estava: renúncia.
É preciso imaginar-se renunciando um mundo para encontrar outros - o auto-exílio é preciso!
Antes, porém, de renunciar as vicissitudes que tenho, preciso, no cantarolar do rei Roberto Carlos, lembrar que existo. Um ser não presentificado ou ausente jamais (uma palavra difícil e pouco consoladora) renuncia.



Libertar-se na introspecção,
voltar-se para si.



01.04.2011

Tuesday 3 May 2011

Erlebnis.

A mão trêmula não sabia
por onde começar e percorrer.

Era tudo tão intenso e tão forte
que a o desejo fez desaparecer a prudência.

E eu observava e
mapeava todas as curvas.
As suas, por certo.

No meio de toda aquela situação,
carregávamos signos de malícia.

Desdenhávamos os convencionalismos baratos,
fazíamos ruídos
e tudo era assim.

Vivendo numa moral quase pagã,
fazendo alusões à Baco,
as vespas alheias pouco importavam.

A tentativa de aprisionar o tempo
pela falta de prudência foi carnal,
onde marcas externas foram deixadas como
parte da memória.

Lembraremos - até, pelo menos, cicatrizarmos nossa aversão ao tempo!